quarta-feira, 21 de abril de 2010

21 de Abril

Hoje é dia de Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico do Brasil e herói nacional. Grande homem.

Os leitores no Brasil devem estar curtindo o feriado, tomando o chopp gelado e comendo os belisquetes no buteco - oooo beleza! Para aproveitar a data e matar um pouco a saudade vou falar um pouquinho da nossa viagem pra cidade de Tiradentes, no interior de Minas.

No dia em que viajamos para Tiradentes, o tempo estava nublado e chuvoso. Da janela da van a gente sentia aquele cheirinho fresco, que eu adoro, de terra molhada do interior. A decoração e a variedade de pratos em cima do fogao a lenha na lanchonete da beirada da estrada, já anunciavam o que estava por vir.


Quando as primeiras casinhas coloridas apontaram no meio daquele monte de verde das montanhas, o carro teve que diminuir a velocidade por conta do calçamento de pedra. Chegamos em Tiradentes.



Deixamos as malas na Pousada do Largo e fomos procurar um lugar pra almoçar.



Eu tinha dois nomes de restaurantes anotados na agenda, dica de uma reportagem que li do New York Times. Um era mais afastado da cidade, e queríamos alguma coisa mais perto do centro. Optamos pelo Viradas do Largo, ou "restaurante da Beth" para os íntimos. O ponto da charrete-taxi ficava em frente da pousada. Atendendo a pedidos do Nico, montamos na primeira da fila e o cavalo "Periquito" nos levou na porta do restô.



Nossa mesa era na varanda dos fundos, com vista para a horta do quintal. A família americana e brasileira reunida na mesma mesa, a cerveja Original geladíssima, papo gostoso e apetite aumentando.

Pedimos entradinhas de pastel de angu e feijão amigo. Restaurante aprovado. Pedimos 3 pratos, o Virado Mineiro, Tutu de Feijão e Feijão Tropeiro. Todos além de deliciosos, lindíssimos.



A couve cortadinha tão fina como um fio de cabelo, fazia parte de todos os pratos, ora dentre os ingredientes, ora como o verdinho de enfeite. Os gringos amaram o Virado, segundo eles, o fried-rice de Minas. O tutu estava cremoso e o tropeiro, crocante. Tudo delicioso e caprichado. Porém o que mais me chamou a atenção foi aquele corte da couve, como alguém consegue essa proeza? Não aguentei e perguntei ao garçom:
-Quem corta essa couve?
- É a Janete
- A Janete tai?
- Tá sim, tá lá na cozinha.
- Quero conhecê-la. Queria dar um abraço nela.
- Sem problemas senhora. Vou chamá-la pra você.
Quando ele já estava no meio do salão, eu ainda pedi:
- Fala pra ela trazer a couve e a faca, por favor?

Minutinhos depois, aparece a Janete, segurando uma gamelinha linda e um rolinho de couve em uma mão e a faca na outra.
Corri pro pescoço dela, dei um abraço e fiz um pedido. Me mostra como você corta essa couve? Ela com o maior sorriso no rosto, começou a cortar, com uma destreza sem explicação. Ai pedi para tentar.



Tentei segurar o rolinho como ela (bem apertadinho e no "ar" - sem tabua) e comecei a cortar. Minha mão mal conseguia segurar o rolinho no lugar e segundo ela, estava segurando a faca do jeito errado. É muita técnica, viu?

Mas um dia ainda vou arrumar um caminhão de couve e uma faca afiada, porque eu quero aprender a cortar couve fininha.

Depois do almoço, o Periquito nos levou a um passeio pela cidade, o guia estava com o livro de história na ponta da língua. Como é linda a arquitetura e o astral da cidade. Todas as casas tem um enfeite na janela. Uma cortina rendada, uma mulata namoradeira debruçada ou uma galinha d'angola de barro olhando o movimento da rua. Conheço bem várias cidadezinhas do interior de Minas, mas Tiradentes é sem duvida a mais charmosa e aconchegante.




Fizemos o passeio de trem para São João Del Rey, foi lindo.





Não tínhamos planos para o jantar, estávamos até sem muita fome, mas fomos pro restaurante "Casa Tavarana" indicado pelo recepcionista da pousada. Não tinha ninguém, só nossa mesa, o serviço não foi muito bom e alguns pratos do cardápio não estavam disponíveis no dia. Comi um caldinho de moranga com ora-pro-nóbis que estava bem bom. Mas o melhor de lá, foi a música ao vivo. Para a nossa surpresa o músico da noite era o Julhinho, um conhecido nosso, lá de Senador Firmino. Foi uma festa o reencontro com ele ao som da mais fina MPB. Dormimos felizes.

No dia seguinte, depois desse café delicia da pousada,




passeamos pelas lojinhas e despedimos da cidade. Com uma vontade louca de ter ficado muito mais tempo por lá.