quarta-feira, 18 de maio de 2011

Diferente

Vejam a manchete de ontem num jornal local aqui em Atlanta: 

"Forest Park Restricts Public Breast Feeding


A new law in metro Atlanta will limit breast feeding in public.
On Monday night, Forest Park passed a public indecency ordinance to prevent public nudity. Previously, the city only had a public indecency ordinance that covered adult entertainment businesses.
According to the law, no woman can breast feed anyone older than 2 years old in public. City manager John Parker called the law a proactive step.
“It sets up a process whereby we can try to control nudity throughout the entire city," Parker said.


A primeira vez que eu notei a diferença na cultura do aleitamento materno foi na aula que fizemos quando eu estava grávida, a instrutora gastou metade da aula com argumentos para convencer os futuros pais que o aleitamento materno é melhor que leite em pó. Achamos muito estranho, pois pra mim isso já era entendido, estavamos ali para aprender como fazer, só isso.
Mas a surpresa veio quando metade da turma confirmou que nunca tinha visto uma mulher amamentar!
Pra mim peito de mãe amamentando é propriedade pública, quem quise, pode olhar, acho lindo, AMO amamentar o Theo, e essa é uma das minhas fotos preferidas com o Theo, no Jardim Botânico aqui em Atlanta :-)


Como diria uma amiga minha, "Não to falando mal não, só que é diferente..."
bjs
Dani

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Churrasco na panela de pressão

Ontem vi na Ana Maria Braga esse jeito novo e diferente de "fazer churrasco", na panela de pressão!
No final da tarde fomos ao mercado e o Paulo comprou um franguinho organico, resolvemos testar.

O Paulo temperou o frango com o tempero que sempre usa para churrasco, mostarda Dijon, sementes de mostarda, manjerona e sal.

 
O segredo é colocar o carvão embrulhado em papel aluminio, ele adicionou ao carvão uns galhinhos de alecrim e folhas de louro para adicionar uma frescurinha básica.



Você faz um pacotinho com o carvão e coloca no fundo da panela (faltou essa foto, eu fui trocar o Theo, quando voltei já estava tudo na panela!), em cima do papel alumínio coloque o frango tempeirado, para aproveitar, ele também colocou uma liguiça defumada e batatas.



E é só isso, não vai água, nem azeite, nem nada. É só fechar a panela e colocar no fogo. Sim, parece estranho, e dá medo, mas pode confiar que funciona.
Depois que pegar pressão deixe ele no fogo baixo por minutos. Só depois da panela já no fogo, vimos que no da AMB o frango foi sozinho na panela, achamos que por isso ele ficou mais coradinho, o nosso ficou bem braquelo.


Ah, mas a linguiça ficou ótima, foi direto da panela para a mesa..



Então para dar a cor de churrasco, o Paulo colocou o frango e as batatas no forninho para ganharem um bronzeado.


Daí sim, olha a cara de saído da churrasqueira que o nosso frango ficou!


Sinceramente ficou beeem bom, com gostinho de churrasco mesmo, mas sem bagunça nem o fumacê todo. 
Detalhe que o carvão sai intacto, pronto para outra panela de pressão ou para o fogo da churrasqueira.

Aqui está o link para a matéria completa da Ana Maria Braga, ela conta que foi a equipe dela que inventou esse método, parabéns, nós aprovamos!

Mas claro que nada substitui um bom churrasco de verdade, com amigos, cerveja, caipirinha, etc...

bom apetite!
Dani






quinta-feira, 5 de maio de 2011

Renasce o blog com a história do nacimento do Theo



Há um ano mais ou menos, em abril de 2010 o bendito teste de gravidez finalmente deu positivo! Viva! Começava então uma nova fase da nossa vida, so far a melhor, com certeza.
O tempurá de Angu ficou largado às moscas, eu abandonei a minha querida sócia, ela ainda seguiu com alguns posts, mas aos poucos os posts foram minguando e acabamos deixando o nosso querido blog paradinho, eu tinha tanto sono no inicio da gravidez que onde encostava caia no sono. Não tinha animo para pensar muito menos escrever... Mas depois da experiência maravilhosa que eu tive com a preparação e nascimento do Theo, me sinto na obrigação de dividir a nossa história com futuras mamães, vovós, titias, papais, e com quem mais quiser ler.
O parto do Theo foi natural, na água, num hospital ao Norte de Atlanta, no Brasil esse parto é chamado de humanizado, aqui tem a explicacao do conceito de partos humanizados, mas resumindo: “O Parto Humanizado significa direcionar toda atenção às necessidades da mulher e dar-lhe o controle da situação na hora do nascimento, mostrando as opções de escolha baseados na ciência e nos direitos que tem.” Nos namoravamos a idéia do parto natural desde que vimos o documentário, The Business of Being Born, na verdade só aluguei porque tem um bebê com um olhão azul lindo na capa, e me chamou a atenção. O filme mostra a cadeia de eventos que uma decisão mal tomada ou uma intervenção desnecessária no trabalho de parto.
Fiz a maioria do pré-natal com o meu ginecologista mesmo, mesmo sabendo que ele não faria o parto na água e nem era tão adepto ao parto humanizado. Afinal eu tinha em mente, que para conseguir fazer o parto natural, a minha gravidez teria que ser totalmente saudável, sem nenhum probleminha.
Aqui nos USA a maioria dos médicos trabalha em equipes, são vários médicos, enfermeiras e parteiras que fazem o seu pré-natal, qualquer um deles pode atender ao seu parto, de inicio achei isso horrivel, super impessoal, afinal estamos acostumadas com o contato mais próximo com os nossos médicos no Brasil. Mas vendo por outro lado,  isso facilita o parto normal, pois você não depende da disponibilidade de um único profissional no dia do nascimento, fora os casos extremamente necessários, aqui não se agenda uma cezárea.
Foi numa visita de rotina que falei com a parteira da equipe do meu médico que eu queria contratar uma doula, depois de relutar um pouco sobre a necessidade da doula, ela me indicou a Teresa Howard, do www.alaboroflove.org. Ela promove um encontro bimestral para você conhecer as doulas do grupo, e nos e lá escolhemos as ladies of the labirint, uma das 3 doulas mais experientes do grupo, Teresa, Guina ou Pam atenderiam o nosso parto.
Marcamos então a nossa reunião pré-natal, eu achava que com a doula contratada tudo estaria resolvido, elas nos dariam todas as dicas e nos ensinariam o que fosse necessário. No nosso encontro com a três, vimos que tinhamos muuuuita coisa para aprender, ler ajuda muito, mas as aulas de preparação seriam essenciais. Elas também nos ajudaram a entender a importancia que um hospital e uma equipe que respeite a filosofia do parto natural, decidimos então mudar.
Em Atlanta há somente 2 hospitais que fazem o parto na água, fomos visita-los e escolhemos o North Fulton, bem mais longe de casa, 1 hora de carro, mas nos sentimos “em casa” sabe como é?
Mudei de médico também, fomos para o Alphareta Women Specialist, em frente ao hospital. Tudo foi bem tranquilo. Aqui não tem sentimentalismo e o médico não se sente traído. Tanto que depois voltei para o meu médico antigo, e a assistente quis saber tudo do meu parto, super animada!

Nosso parto foi maravilhoso, Theo veio duas semanas antes da data prevista, que era 19 de janeiro, foi tudo tão tranquilo e natural, que se tivesse tido tempo de escrever o meu plano de parto, eu não imaginaria tão perfeito. Fomos muito felizardos por ter Guina como nossa doula, aqui é a história do nascimento.

Quando eu completei 37 semanas comecei a perder meu tampão mucoso, mas todos, minhas doulas, minha parteira, todos me disseram que isso não significava nada, que tivesse paciência, pois as mães de primeira viagem geralmente passam da sua data prevista. Eu estava mentalmente preparada para esperar até que ele estivesse pronto, mas meu corpo estava chegando no limite, era difícil entrar no carro, ficar sentada, andar, dormir, etc.

No dia 02 de janeiro, domingo, foi aniversário da minha mãe, decidimos ir ao shopping, já na primeira loja,  minhas mãos e os pés começaram a ficar muito inchados, bateu uma canseira insuportável, voltamos para casa, e decidi que não teria mais compras até que o Theo nascesse.
Na segunda-feira, 3 de janeiro eu fui trabalhar, já havía feito um acordo com o chefe que trabalharia no escritório de manhã e de tarde trabalharia de casa. Eu comecei a sentir algumas leves colicas durante a tarde.
No dia seguinte, achei melhor trabalhar de casa o dia todo, as cólicas haviam aumentado,  mas eu ainda conseguia manter minha rotina.

Na noite de terça para quarta-feira mais ou menos as 2 da manhã eu acordei com
cólicas mais fortes, bem mais fortes. O Paulo acordou comigo, aliás. ele estava doente, resfriado e sinusite, mas com a enxurrada de adrenalina daquela hora, ele sarou rapidinho e ele estava forte e firme ao meu lado.
As contrações foram ficando mais fortes e mais fortes, depois de algum tempo nós
decidiu medir usando um app no meu celular. A indicação é que você vá para o hospital quando estiver 4-1-1 ( contrações com 4 minutos de distância, durando 1 minuto por pelo menos 1 hora). Eu já estava com 4-1-2! Decidimos então ligar para a minha doula, a Guina. Ela retornou era mais ou menos 5 da manhã. Ela me sugeriu entrar na banheira de casa e ver se era trabalho de parto mesmo, algumas vezes é alarme falso, e entrando na água, o processo para, ou sendo pra valer, acelera. Como a nossa casa está ha mais ou menos 1 hora do hospital, decidimos ir de uma vez.  se não fosse a hora ainda, poderiamos ir para um hotel, ir para a casa da Guina que era ao lado do hospital ou até mesmo voltar pra casa. Levamos um tempo para fazer as malas e colocar tudo no carro,
quase que eu não caibo no banco de trás!!
No caminho 0 Paulo ligou para a parteira e entre as contrações liguei para a Cá, madrinha do Theo.
Chegamos ao hospital por volta das 7h15, quando passavamos pela recepção, tive uma contração, neste ponto eles eram muito fortes, eu me agachei e o Paulo agachou comigo. A recepcionista assustada ligou para as enfermeiras dizendo que eu estava parindo no corredor!
Ah, neste momento eu estava saboreando um sorvete maravilhoso de chocolate macadâmia Ben e Jerry . Dica para enfermeira na aula que fizemos de parto na água para despertar o Theo e gastar o mínimo de tempo possível no monitor fetal quando chegássemos. No parto natural você precisa ter liberdade de movimento, para aguentar a dor das contrações.
Quando chegamos na ala de maternidade as  enfermeiras já estavam nos esperando e me colocaram no monitoramento fetal. Depois de  20 minutos, já liberada fui examinada. Estava com 3.5 cm de dilatação. Você precisa chegar a 10cm.
Paulo perguntou se ficariamos ou teriamos que ir embora, ela respondeu que dalí iriamos para a sala de parto.
Eu estava com dor, muita dor, ficamos sentados na cama, eu usava a minha voz num tom grave, como um mugido de vaca, ajudava muito, foi uma técnica aprendida nas aulas que tivemos. O Paulo estáva sincronizado comigo o tempo todo, a nossa sintonia foi o que mais me ajudou.

Guina chegou cerca de 8h45, foi um alivio para nós dois, pois eu já estava começando a desfocar e me desesperar. Eu mantive mugidos, cada vez mais alto, ela me lembrou de deixar as contrações irem embora, guardando energia para as próximas.. Paulo colocou Maria Rita, quem me conhece sabe o quanto eu amo, mas foi horrivel, muito barulho, pedi pra ele tirar, a verdade é que você nunca sabe o que vai funcionar até chegar a hor, depois a Guina colocou outra musica, mas eu já nem ouvia, já estava em transe, na “partolândia”, como se diz. A essa altura, a única posição que eu conseguia ficar era de joelhos, debruçada sobre a bola.

sala de parto
As 9h15 Janet, minha parteira chegou. Ela me examinou e eu estava com 8cm de dilatação! Eu me senti tão aliviada de saber que estava evoluindo rápido, pois as contrações eram super fortes. Me deu vontade de fazer xixi, mas eu não conseguia sentar e me concentrar, as contrações estavam muito próximas.

Às 9:30 eu finalmente entrei na piscina. Quando veio a primeira contração no
água que eu me decepcionei, eu esperava um alivio que a água não trouxe, doeu tanto dentro quanto doía fora da água.  Mas eu não sabia é que já estava em transição. A última fase do trabalho de parto, antes de empurrar. É um estágio em que você fica mais irritada, cansada, as contrações são mais longas e bem próximas, a água não teria muito efeito mesmo, estava chagando a hora! Mas mesmo assim, poder mexer os quadris mais livremente ajudou.
As 9:50am eu olhei para a Guina e disse que estava na hora, que eu queria empurrar (- Guina, I think I want to push...) Paulo foi até a porta e gritou: "She wants to push!" (Ela quer empurrar!) Em segundos as enfermeiras e minha parteira estavam de volta ao quarto.

Eu disperdicei completamente o meu primeiro empurrão, gritei alto, aqueles gritos esganiçados, sabe? Não sabia o que esperar, como seria. Minha mão falou para fazer como se estivesse fazendo força para o #2, a Guina lembrou para eu manter o tom baixo, grave, focando lá embaixo.
Essa passagem foi escrita pela Guina, no linha do tempo do parto que ela escreveu: - Quando ela entrou na banheira, a bolsa ainda estava intacta, eu jogava morna nas suas costas e a Dani suavemente disse - “Ele vai ser um xamã, porque a minha bolsa não rompeu.” Ela contou nas aulas uma história que os bebê que nascem dentro da bolsa, têm poderes especiais, são xamãs :-)
Logo depois sinto um “poc”e a minha bolsa rompeu, eram 10:10 da manhã.

Lembro de olhar para baixo na piscina e ver a água limpíssima. A principio eu estava com medo de olhar e ver sangue e outras coisas, mas quando vi a água cristalina, pensei, fiz tanto esforço e nada saiu de dentro de mim! 
contração

entre contrações

Daí veio a quarta vontade de empurrar, sim, é um vontade, como quando você quer vomitar, é incontrolável. Eu então decidi que seria a hora, que o Theo nasceria naquele empurrão, quer eu não pararia de fazer força até que ele nascesse.


E às 10:22 da manhã ele nasceu! 
Lindo, e acima de tudo saudável!Eu estava de joelhos, inclinada sobre a borda da piscina, com Guina ao meu
lado esquerdo, minha mãe à minha direita e o Paulo na minha frente, quase dentro da piscina de tanto que eu o puxei. A Janet o pegou, passou entre as minhas pernas, não o tirou da água até que o eu estivesse sentada, minha mãe falou que o Theo ficou nadando uns 30 segundos antes de vir para os meus braços. Ela finalmente o colocou no meu peito, foi mágico, um momento de amor pleno. O Paulo nos abraçou e ficamos ali, admirando e nos apresentando para o nosso filho. Nascia a nossa família!


Ele era cor-de-rosa, fofo demais! (Um dos medos do Paulo era ter um bebê azul, mas vimos nos vídeos que era comum nos partos na água.)
Paulo cortou o cordão umbilical depois que parou de pulsar. Minutos depois a parteira puxou o cordão e da placenta saiu em segundos.
Enquanto eu estava indo da piscina para a cama, a enfermeira examinando o Theo, o Paulo tirou a camisa e pegou ele no colo, o papai chorava mais do que bebê! O tio Ro, padrinho do Theo, que estava no hospital desde cedinho, fez um filme lindo desse momento.
Eu já estava deitada na cama e a enfermeita trouxe o Theo para a sua primeira refeição. Guina nos ajudou na primeira mamada, ele estava com fome. Delicia ver a carinha dele toda douradinha, cheia de colostro, indescritível.
Nós tivemos mais um momento incrível, depoisda primeira mamada, o deixamos descansar no meu peito. Sozinho ele foi se mexendo e encontrou o bico do meu seio e começou a mamar! Igual nos videos que vemos no Youtube!
Nós também fizemos a aula de aleitamento materno com a Pam, o que nos ajudou muito, principalmente nas duas primeiras semanas de vida do Theo, quando ainda estavamos aprendendo.
Minha mãe e o Paulo saíram para buscar algo para comer, enquanto isso fiquei com a Guina, ela comentou que da próxima vez eu já posso fazer o parto em casa, porque eu que fiz tudo sozinha ;-)
Quando eles voltaram fomos transferidos da sala de parto para a sala de recuperação, eu fui andando, estava me sentindo ótima, de noite até tomei um banho sozinha.
Nas primeiras 24 horas de vida, o Theo ficou o tempo todo no meu peito, pele com pele, quando queria mamar, mamava, se queria dormir, dormia, e eu e o Paulo estavamos ali, extasiados, o tempo todo namorando o nosso pequeno.
Passamos apenas uma noite no hospital, na tarde do dia seguinte, voltamos para casa.
Nossa experiência com North Fulton foi excelente, as enfermeiras foram muito gentis
e pacientes.
Fizemos as aula de preparação com a Guina, o “Birth from Within”.  Foram 3 finais de semana de imersão, acreditamos que isso foi o que mais nos ajudou a termos a experiência que tivermos, sabíamos o que esperar e o mais importante, Paulo estava consciente do que eu estava sentindo,ele estava preparado para estar ao meu lado no momento de trazer o nosso filho para este mundo.
A sensação de começar a vida do seu filho da melhor forma pra ele, é daquelas que enchem o coração de paz. Dizem que toda mulher que passa por essa experiência, sai diferente, eu me sinto assim, fortificada, valente, pronta para enfrentar o mundo pela minha família. Eu gostaria muito que muitas outras mulheres tivessem essa experiência na vida e repito, futuras mamães, se informem e escolham, é seu direito.

E domingo é dia das mães, vamos aproveitar!
beijos
a mãe do Theo